Sufocante

Ela não queria ficar sozinha. Não queria ter que pensar em como seria a sua vida depois daquele dia. Todos lhe falavam que precisava se amar mais sem ter que ficar correndo atrás de quem não a amava, mas porque isso era tão difícil pra ela? Por que tudo ficava tão cinza quando ela se imaginava sem ele?

Queria mais do que tudo ser feliz, mas sabia no fundo que nunca seria feliz com ele. O jeito que namoravam era estranho, o jeito que conviviam era estranho. Ela teve que largar tudo para viver com ele, mas ele não largou absolutamente nada para viver com ela.

A chuva começou a cair lentamente e as gotas batiam na janela de vidro da sala. Ele ainda não tinha chegado. Ela imaginava se deveria esperá-lo, mas definitivamente não estava com vontade de encará-lo, de ter que ouvi-lo pedir que ficasse mais essa noite, de olhar nos olhos dele e ainda ter esperança de que um dia pudesse ser tudo diferente.

Deveria escrever um bilhete? Dizer que sentia muito por tudo e que agora preferiria não ficar mais com ele. Deveria dizer que agora vai seguir sua vida sozinha por mais que isso lhe doa? Era algo que devia fazer? Não. Com certeza, ele já imaginava que mais dia ou menos dia isso aconteceria. Como ele não era corajoso o suficiente de enfrentar a situação, isso teria que partir dela.

Respirou fundo, pegou suas malas que estavam no corredor, abriu a porta e saiu sem olhar pra trás.

Uma fase da sua vida estava terminando. Por mais que lhe doesse, agora era o fim de um namoro sufocante que nada lhe trouxe de bom.