Livre


Agi por instinto. Corri, gritei, lutei.
Momentos depois eu ainda permancecia presa.
Calada naquele vale escuro.
Fui presa, isola e por anos fiquei sem ver ninguém.
Desejei o sol. Desejei a lua. Desejei o vento sobre minha pele.
Morri todos os dias durante meu sono.
Revivi todos os dias. Horas e horas. Rodando sem parar.
Não tinha relógio. Contava os segundos nos dedos.
Não tinha água. Minha boca estava seca.
Não tinha comida. Já estava acostumada com a fome.
Meu coração doía. Uma dor sem fim.
As paredes cinzas e frias ficavam cada vez menores.
Estava frio. Pela minuscula janela, eu vi que estava nevando.
Estava calor. Ele secava a terra e embaçava minha visão.
Chovia quase todas as noites.
Eu ouvia apenas o barulho das gotas caindo e caindo.
Um sopro, uma leve brisa a tocar meu rosto.
Lentamente fechei meus olhos.
Adormeci? Desmaiei? Morri?
Então meus olhos se abriram
Então eu vi que estava livre
Sentada em um campo de margaridas
Ouvindo o som leve do vento que toca meu rosto

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