Ela simplesmente sabia que não havia mais ninguém ali. Nem
mesmo ouvia mais os sussurros. Tudo estava em silêncio e ao mesmo tempo parecia
seguro sair novamente daquele lugar para ser livre novamente. É claro que ela
sabia que não seria tão fácil assim. Passou muito tempo escondida, perdida nas
sombras e apagada pelos dias. Sabia, contudo que era necessário passar por
aquilo se quisesse ser livre.
Caminhou então por aquela vasta escuridão. Em algum momento
correu porque se desesperou, mas colocou sua sanidade no lugar e parou de
correr. Andou e caminhou, mas a luz nunca surgia. Caminhou mais e mais. Foi
ficando cansada, sem ar e sem forças para terminar sua jornada até a luz.
Caiu no chão e levou suas mãos – que não via há muito tempo –
até sua cabeça. Ela suspirou. Perguntou a si mesma se a luz existia de verdade
ou era algum fruto de sua imaginação. Ela tinha certeza que a luz existia. Já
havia vivido nela antes. Era impossível não existir mais. Será que ela era
digna de ter a luz novamente?
O cansaço tomou seu corpo. Seus olhos foram se fechando
lentamente. Ela precisa dormir. Estava exausta e pensava em acordar logo para
recomeçar sua busca. Não estava pronta para desistir ainda. Não podia desistir porque
sabia que muitas pessoas estavam á sua espera.
Acordou de repente com um estrondo. Seu coração disparou e
ela sentiu como se mil facas estivessem perfurando seu corpo. Rapidamente se
levantou. Do outro lado havia um grande e enorme buraco e dele emanava uma luz
forte que quase cegou. Quando conseguiu recuperar a visão, conseguiu ver suas mãos
pálidas e lembrou-se que seu cabelo era castanho. Do outro lado, depois da luz,
pode ver muitas pessoas gritando e chamando para que ela fosse até a luz. Sem
pensar duas vezes, ela correu como nunca havia corrido antes e enfim alcançou a
luz que tanto almejava.
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