Olhinhos Pidonchos

                                      

Aqueles olhinhos pidonchos não desgrudavam de mim nem um segundo. O tempo todo ela analisava meus passos apenas esperando pelo momento exato que lhe daria seu presente. Tive vontade de regredir no tempo e lembrar quando eu era criança. As coisas eram tão simples e fáceis. Um simples brinquedo me satisfazia. Não precisava de mais nada.

Passava a tarde toda brincando de casinha ou escolinha com as meninas do bairro. Ganhar uma linda boneca no natal e colocar-lhe o nome de Lily.

Eu não precisava pensar nas contas no final do mês, não precisa procurar emprego, tinha quase tudo o que queria sem esforço algum, bastava pedir. Não tinha responsabilidades e o mundo era tão colorido. Não que agora não seja, mas é que agora eu tenho que dar algumas pinceladas de vez em quando para colorir novamente. Não é como antigamente que ele era colorido com hidrocor e giz de cera, muito mais fácil de usar.

Eu tenho saudade de quando eu era como ela. Pequena, sem preocupações e completamente louca por aquela boneca nova. Ser criança era muito bom. Sempre foi, mas quando somos crianças queremos o tempo todo crescer e quando ficamos adultos queremos voltar aos cinco anos de idade. Vai entender o ser humano.

Eu cresci e ela também vai crescer um dia. É a natureza das coisas. Tudo nasce, cresce e um dia morre.

Cada idade tem um ponto bom e um ruim. Ser criança é ser feliz, é ser inocente, é ser pura de corpo e alma e não como essas crianças de hoje em dia que com dez anos já são mães.

Eu fui uma criança que teve de tudo na hora certa e agradeço muito aos meus pais por isso. E é assim que eu vou criá-la. Nunca deixar que sua inocência morra e enquanto viver lhe darei quantas bonecas puder dar pra sempre ter um sorriso estampado em seu lindinho rosto.