Na tempestade



Ela estava sentada naquela sarjeta quando a primeira gota de chuva caiu em seu cabelo liso. Não tinha nada pra fazer naquela noite a não ser se sentir sozinha, desesperada e humilhada. Sua vida estava arruinada. Tudo tinha desabado no instante em que percebeu que era apenas mais uma infeliz. Sem casa, sem família, sem rumo certo ela ficava ali sentada. Com a chuva vieram também as lágrimas. Lágrimas de quem um dia foi feliz. Estava tão só. Seu coração batia cada vez mais devagar. Várias pessoas e carros passavam por ela nem percebiam que ela precisava de ajuda. Todos com suas vidinhas medíocres e sem a iniciativa de ajudar uma completa estranha. Estava tudo perdido. Tudo de ruim já lhe havia acontecido. Agora era apenas deitar e esperar a morte vir lhe buscar. Deitou-se e começou a chorar mais desesperadamente ainda. Mas enfim algo aconteceu. Um rapaz de olhos cor de mel, muito tímido a principio, mas com uma voz suave correu até ela e lhe disse:
_ O que fazes ai deitada? Está chovendo! Você vai ficar doente. - disse preocupado
_ Estou esperando a minha morte e nada mais. Deixe me morrer. - ela respondeu sem olhar para ele
Então o rapaz deitou-se ao lado na calçada e ficou também na chuva.
_ O que está fazendo? - perguntou a garota perturbada
_ Eu estou aqui como você esperando a morte. Sabe, minha vida também não é fácil. Eu já sofri por um amor não correspondido, já perdi meus pais num acidente de carro que foi minha culpa. Eu igual a você já cheguei no fundo do posso. Cheguei a pensar que o universo conspirava contra a minha felicidade. Enfim um dia quando minha avó veio me visitar, ela me mostrou que Deus existe. Me mostrou que Ele está me ajudando. Tudo o que eu passei foi pra me tornar uma pessoa mais forte e não pra desistir no primeiro obstáculo. Hoje eu vejo o quão tolo eu era. E agora, depois daquelas lindas palavras da minha avó, eu estou aqui deitado nesta chuva com você.
A garota arregalou os olhos. Nunca tinha ouvido palavras tão lindas assim. De repente seu coração começou a bater de novo. Sentiu se que sua alma acabara de retornar a seu corpo.
O rapaz se levantou e estendeu a mão para ela. Ela pegou em sua mão e se levantou. Os dois foram juntos caminhando pela calçada.

Comentários

  1. Gostei, fiquei angustiado junto com a menina, adoro contos assim, que mexem contigo.

    ResponderExcluir
  2. Belo texto, angustiante, mais belo! ótima mensagem. Parabéns!

    Valeu.

    ResponderExcluir

Postar um comentário

Aqui é o seu cantinho para comentar. Fique a vontade e de a sua opiniao, Beijossss